Na quinta-feira, 59 pessoas ficaram feridas em dois acidentes com ônibus – num deles, o motorista dormiu ao volante; no outro, infartou.
Por lei, os condutores profissionais podem trabalhar no máximo sete horas por dia. Entretanto, segundo alguns deles, a realidade é diferente.– Tenho de fazer três viagens por dia, mas muitas vezes não consigo terminá-las no período de sete horas e sou obrigado a trabalhar além do permitido.
Tudo isso em um ambiente muito quente e barulhento. É estresse direto – afirma o motorista José Roberto Cardoso, de 48 anos, que trabalha na linha 415, Usina- Leblon.
Situação semelhante vive Carlos Eduardo, que trabalha na linha 220, no trajeto Usina-Praça Mauá.– Não temos tempo nem de ir ao banheiro, somos vigiados por câmeras e fiscais, que parecem não entender nosso ambiente de trabalho – reclama.
O motorista Alex de Mello, diz que são desrespeitados direitos básicos do trabalhador comum.
O diretor social do Sindicato dos Rodoviários do Município do Rio de Janeiro, Wanderley Furtado, afirma que as empresas de ônibus têm parcela de culpa por acidentes como os de quinta-feira:– Obrigam o motorista a dobrar.
Se não segue a orientação da empresa, é retaliado. Outra sujeira que fazem é mandar motoristas cobrarem as passagens nos ônibus menores. Se não permitem falar no celular ao volante, não poderiam permitir contar o troco e pegar o dinheiro.
De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), a retirada de centenas de vans ilegais das ruas fez com que fossem colocados 1.3 mil novos ônibus em circulação no Rio, gerando uma demanda de cinco novos funcionários para cada um dos coletivos – dois motoristas, dois cobradores e um funcionário de manutenção.
Para suprir as novas vagas as empresas fizeram um acordo com o governo estadual, criou mais de 6,5 mil postos de trabalho que serão preenchidos em breve.
Empresas admitem trabalho além das sete horas permitidasO vice-presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio de Janeiro (Rio Ônibus), Octacílio Monteiro, admitiu que alguns motoristas trabalham além do tempo permitido.
O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, atribui boa parte do problema às más condições de trabalho dos motoristas. Ele anunciou que, ainda este ano, o prefeito Eduardo Paes vai baixar decreto determinando a troca de toda a frota municipal de ônibus (8.700 coletivos) por veículos modernos. A SMTR espera uma média de mil ônibus renovados a cada ano, até 2016.
O motor não poderá ficar na frente do ônibus. Imagine um motorista dirigindo o dia inteiro com aquele barulho do seu lado, com o motor esquentando suas pernas. Ele se estressa, e aí acontecem as coisas que não devem acontecer. Vamos implantar um novo padrão tecnológico. O câmbio, por exemplo, tem que ser automático e chassis e suspensão tem que ser trocados – diz .
Com informações do Jornal do Brasil e revista do ônibus
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