Breda não paga funcionários e três empresas assumem linhas

Os 229 funcionários da empresa Breda Sorocaba Transportes e Turismo Ltda. iniciaram, desde as primeiras horas deste sábado, greve geral, e impediram que 26 ônibus rodoviários deixassem a garagem, na avenida Ipanema, o que gerou transtornos e revolta para quase 2 mil passageiros que ficaram sem transporte e tiveram que recorrer à rotas alternativas para poder chegar aos seus destinos durante toda a manhã.

A situação só se normalizou início da tarde, quando a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) interveio e autorizou a operação, em caráter emergencial e contra uma liminar, a Viação Cometa S/A, Viação Piracema de Transportes Ltda. e ainda a Auto ônibus São João(foto), empresas já autorizadas a substituir as linhas sob concessão da Breda, que faz parte do Grupo Renê Gomes de Souza (RGS), o mesmo proprietário da Transportes Coletivos Sorocaba (TCS), atende a 34 cidades das regiões de Sorocaba, Grande São Paulo e Litoral Sul.

Como se trata operação em caráter emergencial e contra uma liminar, mesmo que determinada pela Artesp, o sistema pode voltar a ser prejudicado, diante de uma nova manifestação da Justiça.
O movimento aconteceu em protesto contra o não pagamento do adiantamento salarial e a segunda parcela do 13.º salário, além da promessa da renovação da frota. A decisão havia sido aprovada pelos trabalhadores em assembleia realizada na última quinta-feira, quando teriam estabelecido um prazo para que a empresa disponibilizasse ônibus em condições de circular sem risco aos passageiros e aos motoristas.

Por volta das 11h da manhã, o Sindicato dos Transportes Rodoviários de Sorocaba e Região foi informado pelas empresas contratadas em caráter emergencial para operar as linhas da Breda Sorocaba que a Artesp, diante da situação, tinha autorizado as mesmas a entrar em operação após o meio-dia. Imediatamente, o Sindicato realizou uma assembleia com os trabalhadores para organizar o início das atividades nas empresas emergenciais. A partir daí os trabalhadores foram divididos em grupos e encaminhados até a garagem das empresas Viação Cometa e Auto-Ônibus São João para iniciar as atividades.

As linhas

Na prática, segundo informou a própria Artesp, a divisão das linhas intermunicipais entre as três empresas é a mesma do processo, publicado no Diário Oficial do Estado para a operação em substituição definitiva da Breda, até que a liminar seja derrubada ou a Justiça decida sobre a ação movida pela empresa de transportes de Campinas. Diante disso, a Cometa continuará com a linha de São Miguel Arcanjo/São Paulo, que já vem operando, e terá acrescentada essas linhas: Sorocaba/São Miguel Arcanjo, Sorocaba/Conchas, Sorocaba/Capão Bonito, Sorocaba/Mongaguá via Osasco e Santos, Sorocaba/Laranjal Paulista, Itapetininga/Pilar do Sul, Salto de Pirapora/Sarapuí, Itapetininga/São Miguel Arcanjo, e São Miguel Arcanjo/Capão Bonito. As empresas São João e Viação Piracema ficaram com as linhas Sorocaba/Jacupiranga, Sorocaba/Ilha Comprida via Iguape, Sorocaba/Piedade, Sorocaba/Pilar do Sul via Piedade, e Sorocaba/Tapiraí. Foram também destinadas às duas empresas as linhas Piedade/Tapiraí. Itapetininga/Registro, Itapetininga/Iguape, e Sete Barras/Juquiá via Bairro Onça Parda.
“A Breda não tem mais condições de operar essas linhas.

A situação já chegou no limite. Além de veículos em condições precárias, ela (a empresa) não efetuou o pagamento da segunda parcela do 13º salário nem o adiantamento salarial de todos os trabalhadores. A empresa informou aos de que que não havia previsão de depósito dos pagamentos”, argumentou o presidente do sindicato, Paulo João Estausia.

Frisou que as empresas emergenciais concordaram em contratar todos os 259 trabalhadores da empresa Breda Sorocaba e pagar os mesmos salários e benefícios determinados no Acordo Coletivo da categoria. O acordo foi aprovado pelos trabalhadores em assembleia que aconteceu na última terça-feira, dia 15. “Agora seperamos que a Artesp revolta esse problema com a Justiça, ou seja, consiga cassar a liminar e as empresas possam operar essas linhas em definitivo”, completou Estausia.

A reportagem tentou, por diversas vezes ao longo do dia deste sábado, ouvir a empresa, mas não obteve contato com nenhum representante.

Reincidente

Não é a primeira vez que a empresa atrasa os salários de seus empregados. No dia 9 deste mês, cerca de 80 funcionários da Breda Sorocaba protestaram em frente ao guichê da empresa por falta do depósito de seus salários e o não fornecimento do ticket refeição. Advogados e funcionários do setor de Recursos Humanos da empresa disseram que houve prejuízo por conta da suspensão temporária em novembro e autorizaram o pagamento com o dinheiro dos caixas, proveniente da venda de bilhetes.

Em entrevista na semana passada, o advogado da empresa Marco Antônio Rovito já previa atrasos nos pagamentos devido à perda de passageiros para a Viação Cometa, que opera há pelo menos uma semana na linha Sorocaba-Mongaguá, de responsabilidade da Breda Sorocaba. Até o momento a Breda está autorizada a prosseguir com suas atividades por meio de uma liminar obtida após ter a frota paralisada em outubro pela Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), em outubro.

reportagem do jornal cruzeiro do sul